Baltazar Garzón deu hoje à tarde, no Centro de Congressos do Estoril, uma master class sobre a memória histórica e a dignificação da justiça.
Disse algo que merece reflexão, nestes tempos de perigosa deriva: "La Corte Penal Internacional es la mas importante inicitiva de paz del siglo XX". Partir daí para a importância do bom funcionamento dos tribunais comuns não é difícil. O cidadão cada vez mais longe da administração da justiça está cada vez mais perto da barbárie.
O Juiz refrescou ainda a nossa memória, ao lembrar que o General Dalla Chiesa, ao ser exortado a permitir a tortura a um membro das Brigate Rosse, que fora preso durante o sequestro de Aldo Moro, no qual participara, conhecendo, por isso, o paradeiro do então Primeiro Ministro Italiano, respondeu "A Itália recuperará da perda de Aldo Moro, mas não conseguirá recuperar se voltarmos a utilizar a tortura". Não é demais lembrar que Dalla Chiesa foi depois morto, diz-se que pela máfia siciliana.
Ficámos ainda a saber que, mesmo que o julguemos inútil, vale muitas vezes a pena fazer o que tauromaquicamente se chama o "brinde ao sol": quando o toureiro, em tarde azarada de lides, pensando que tudo está perdido, virado para o sol, que o cega, o brinda, mesmo assim, procurando uma esperança onde poderia encontrar somente desilusão. É que, por vezes, resulta.
Três lições para todos nós. Muitos subentendidos para quem queira lê-los.
Isabel Duarte
Sem comentários:
Enviar um comentário